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"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa, desde que não se falte à verdade, sendo obra de caridade gritar: 'Eis o lobo!', quando está entre o rebanho ou em qualquer lugar onde seja encontrado".
(Filotea ou Introdução à Vida Devota, parte III, cap. 28).

Abusos Sexuais dos "BONS" O GURU Católico

  • Pe. Javier Olivera Ravasi 04-10-2015
  • Aug 29, 2017
  • 7 min read

4.10.15 as 2:15 PM

Faz apenas alguns dias que o Papa Francisco, colocou novamente sobre o tapete o tema dos abusos sexuais por parte dos sacerdotes. Esteve muito bem em recordá-lo; Concreto e firme. Hoje mesmo, na Infocatolica, temos esta asseveração; pois a verdade é a verdade.

Ao mesmo tempo e por diferença de alguns meses, tivemos ocasião de ver alguns filmes referidos ao tema; referimo-nos a “Obediência perfeita” (2014), onde se narra o caso Pe. Maciel, “O caminho da cruz” (2014), filme alemão dedicado ao abuso de consciência por parte de um grupo católico e, finalmente, “O Bosque de Karadima” (2015), onde se analisam as acusações contra o sacerdote chileno homônimo.

Os três filmes narram -com base fictícia o real- os casos que puderam dar em certas organizações católicas “conservadoras” ou de “boa doutrina”.

Não é nossa intenção aqui fazer, nem uma crítica cinematográfica nem atacar os que alguns de estes grupos tenham de bom, mas sim, simplesmente prevenir e reflexionar acerca do por quê podem dar-se estes casos de má práxis incluso em seus membros mais altos(fundadores ou superiores “ortodoxos”).

E não faz falta por nomes; pode ser o caso do P. Fulano, Ciclano ou Beltrano, pois não se trata de uma pessoa, mas sim de um patrão; um patrão que aqui batizaremos como “O guru católico”, quer dizer, o líder carismático que, pelo seu modo de ser, “arrasta” a muitas almas ao catolicismo militante e comprometido.

Sabemos que os gurus existem em todas as partes: no âmbito político, empresarial, militar, e também –por tanto- no eclesiástico e são excelentes quando, usando os dons que o Senhor lhes deu, os aproveitam para o fim que Deus se há proposto, tentando realizar obras grandes e não buscando a própria gloria, senão a de Quem a merece: Deus.

Porém o caso do guru católico é singular pois pode ser uma arma de dois gumes. Por quê?

Porque se bem se aplaudirão suas vitórias e conquistas, quando cometer um erro grande –incluso no caso de faltas objetivamente graves- se não há logrado retificar sua intenção, a “estrutura” montada por ele, tal vez faça ouvidos surdos às críticas e denuncias, vendo nelas só calunias e conspirações que só tentam destruir a “obra”.

É isso e não outra coisa o que passou –para por só um exemplo- com os casos dos Padres Maciel e Karadima:

- “Nos atacam porque temos muitas vocações”


- “Nos atacam porque somos bons e porque odeiam a ortodoxia” - diziam.


E isso não só era dito pelos acusados, mas também pelo núcleo mais íntimo de seus colaboradores. Quer dizer, tudo se reduzia em uma refutação ad hominem (“contra o homem”): “Vejam quem ataca e vereis se é verdade!” – em vez de analisar os fatos.

É que a estrutura ideológica montada pelo guru impede, contudo ver o monte, caindo assim em um sistema de autoconfirmação ideológica onde “a estrutura de interpretação da realidade” previne as respostas inclusive quando a “teoria” e o “sistema” podem falhar.

Ponhamos um exemplo, que se non è vero, è ben trovato. No filme sobre o sacerdote chileno, um jovem “do coração do padre”, embelezado pela obra e a pessoa do guru, entra a formar parte de seus mais íntimos seguidores. Já dentro, por diversos e lentos processos de manipulação, que vão desde a dependência espiritual e intelectual à afetiva, termina caindo dentro do “círculo” dos mais próximos e finalmente, abusados… Não é, ao princípio, um abuso grotesco; é lento; quase imperceptível, mas suficiente para que a vítima se sinta presa de um segredo; um segredo que só ele e seu abusador sabem.


É o seguinte: “algo já aconteceu entre nós”; não é só um tema sexual; é um caso de poder: “tu sabes que eu sei o que fizemos”. E isto é o mais duro: a vítima começa a sentir-se até culpável do ocorrido. “Como é que aconteceu? Sim ele é um santinho!” – pensa o protagonista deste filme.

A vítima se “sente culpável”; não se anima a falar. Por um lado, porque pensa que não vão crer nele e até chega a “autoconvencer-se” de que o que viveu não foi real. Se sente “desagradecido”: viveu ao lado do guru, gozou de seus benefícios e agora… O vai trair? Não costuma ser fácil distinguir a obsequência (que é um vício) da lealdade (que é uma virtude), menos ainda quando tem certa manipulação dos “maiores”.

Ademais, explicaram ao assediado que, de dar a conhecer estas imoralidades se estaria “difamando” injustamente e, por tanto, fazendo um dano ao bem comum entendido esse quantitativa e hegelianamente: “haveria menos vocações, menos colégios, menos obras de caridade! Se daria de comer pasto as feras progressistas!”, etc., esquecendo que, o bem comum, é este conjunto de condições que permitem ao homem de alcançar uma vida virtuosa (neste caso, a vida virtuosa da alma consagrada a Deus nessa instituição).

Mas o guru não atua sozinho: no “círculo” dos colaboradores do guru, tem de tudo: desde obsequentes que, debaixo de uma capa de obediência repetem uma “historia oficial” até alguns que, debaixo de uma capa de bem, optam por silenciar –ou simplesmente negar e fazer negar- a realidade. É ali, nesse tipo de grupos onde a obediência ainda significa algo, onde poderá abusar-se dela chamando a silencio por meio dos oficiais entremeios e dizendo aquilo de Voltaire a suas camaradas: “À menor crítica, a menor resposta, ainda a mais moderada e cortês, tem que gritar ‘calunia, injuria, sátira atroz’, tratando aos adversários de frívolos, fugitivos da cadeia, hipócritas, loucos”.

O guru, por sua parte, nega sempre os fatos; sua consciência ficou cada vez mais e mais laxa; ele se encontra “mais afrente do bem e do mal” e não considera o seu como algo grave; em realidade é um nada quando a cosa ainda não passou a maiores, suas indecências serão “mostras de afeto”, demonstrações “carinhosas”, etc.

Como se dá a saída ou o escape destes círculos? A vítima só consegue sair com um grande esforço moral e psicológico. E só graças a que Deus, ou ele mesmo faz o que São Ignácio aconselha em uma das famosas regras de discernimento: falar. Ele talvez o saiba teoricamente, mas ainda não o a posto em prática.


“(O inimigo do homem) se faz como vai enamorado no querer ser secreto e não descoberto. Porque, assim como o homem vão, que, falando a má parte, requer uma filha de um bom pai ou uma mulher de um bom marido, quer que suas palavras e suas ações sejam secretas; e o contrario o incomoda muito, quando a filha ao pai ou a mulher ao marido descobre suas vãs palavras e intenções depravadas, porque facilmente pensa que não poderá sair com a empresa começada: da mesma maneira, quando o inimigo da natura humana traz suas astúcias e persuasões à alma justa, quer e deseja que sejam recebidas e mantidas em segredo; mas quando as descobre ao seu bom confessor, ou a outra pessoa espiritual que conhece seus enganos e malícias, muito o pesa; porque entende que não poderá sair com sua malícia começada, em ser descobertos seus enganos manifestos” (Livro dos Exercícios Espirituais, nº 326).


Ao princípio era o Logos, a Palavra; e aqui também. Tem que falar.


Para quem o sirva e com a intenção de baixar ao mercado, como dizia Platão, damos aqui alguns tipos que quem sabe possam ajudar a descobrir casos de gerundismo católico (ou pseudo-católico).

A manipulação das consciências: o guru e seus seguidores mais próximos impedem consultar a alguém alheio ao “grupo”, pois “não entenderá”, “não é dos nossos”… E isto poderá suceder inclusive com algum antigo e prudente diretor espiritual “externo” à obra. A alma só deve abrir-se com alguém de “dentro”.

Deformação da virtude da obediência: ainda o olho do indivíduo veja “preto”, se o superior diz "branco”, é porque é “branco”. Alguns poderiam dizer que ao entrar neste tipo de agrupações se faz um “pacto de aliança” com Deus e com os irmãos, mediante o qual se renuncia, em certo modo e de maneira antecipada às próprias visões e valorações “em relação aos contingentes singulares quando não concordem com as do superior", inclusive quando forem “melhores que as do mesmo” (justamente o contrario do que opinará o grande Castellani a este respeito).

Claro desordem no desejo de “ser aceitado” pelo grupo: tem que “ser querido, não tolerado”; quem esta na obra, não queira ser relegado ou que se diga dele “anda mal”…, “algo passa com ele”, etc.


Fica, por último, ver como nesses casos, que dizer, em casos de grupos católicos de aparentemente boa doutrina podem dar-se casos de má práxis; como pode suceder isto em movimentos onde muitos de seus membros buscam a santidade com radicalidade e a exaltação da Igreja. Quer dizer, pode um grupo fundado por um guru abusador dar frutos apostólicos e de santidade?

Cremos que sim; e isto, em parte, graças a ele mas também apesar dele.

Sim cremos que pelo fruto se conhece a árvore, sabemos que Deus pode utilizar elementos deficientes para fazer suas obras. Sim, assim o fez com Sansão, que com uma só queixada de burro matou a milhares de filisteus, quanto mais poderia fazer com um burro inteiro? Porque a obra de Deus é uma coisa e o guru católico, outra. Por isso ninguém deveria ver-se desalentado ante tais circunstâncias, se não tudo ao contrário: deveria um comprometer-se ainda com maior coerência e radicalidade na causa de Deus e do Evangelho.

Vamos concluindo então com uma pergunta e duas respostas, a saber: por quê Deus elegeu este tipo de pessoa e por quê a Igreja aprovou suas instituições? Parece ser um mistério sem resposta. No entanto, pode ter-se em conta duas coisas.


A primeira é que Deus se empenha em fazer o bem ainda com elementos deficientes: não pode ser de outra maneira, porque em virtude de nossa natureza caída deve operar tanto com nossas excelências como com nossas imundices. Ademais deste modo, fica ainda mais que claro que as obras apostólicas não procedem da capacidade e ingênito dos homens, mas sim D'Ele mesmo. Assim o fez Jesus Cristo, ao eleger a vários pescadores e homens humildes entre seus apostoles.

A segunda é que, a Igreja, ao aprovar uma obra (a Legião, a “Pia União Sacerdotal”, etc.), não eleva aos altares a seus fundadores, mas sim simplesmente declara que o modo de vida regulado em seus regramentos e constituições, é compatível com o Evangelho. A Igreja aprova a obra, não ao operante.

Mas…Por quê permitiria inclusive que os “progres” se aproveitem desse fato para atacar as obras boas dos grupos aparentemente ortodoxos? A pergunta vale; e vale tanto como perguntar-se por que permite o mal. A resposta sem dúvida é um mistério; sabemos entre tanto que Deus respeita a liberdade do homem (inclusive a de quem obra mal), pois, sem ela, não teríamos mérito ao obrar bem, nem culpa ao fazê-lo mal. O que não poderá deixar de “permitir”, em sua infinita justiça, é a inexorabilidade do prêmio e do castigo, nem tampouco o derramar sua infinita misericórdia sobre as vítimas.


E a nós, nos permitirá não só uma purificação passiva da Fé, como a chamava São João da Cruz, mas também de prevenção e de alerta contra este tipo de pessoas.

Por amarga que seja a verdade devo derramá-la da boca.

De gurus católicos, progres ou ortodoxos, líbera nos Domine.

Pe. Javier Olivera Ravasi

[http://infocatolica.com/blog/notelacuenten.php/1510040209-abusos-sexuales-de-los-buenos]

Tradução por: “Quem é ele - Padre Rodrigo Maria”



 
 
 

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