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"Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa, desde que não se falte à verdade, sendo obra de caridade gritar: 'Eis o lobo!', quando está entre o rebanho ou em qualquer lugar onde seja encontrado".
(Filotea ou Introdução à Vida Devota, parte III, cap. 28).

Mentiras e distorções, afinal para ele TUDO era válido.

  • Outra vítima.
  • Sep 8, 2017
  • 7 min read

Pertenci à Comunidade Arca de Maria por mais de 10 anos. Nós não tínhamos conhecimento sobre as acusações que pesavam, de ex-membros, sobre o padre Rodrigo nesta questão moral. Nós nunca tivemos contato com isso. O que nos era passado, era passado por ele próprio, sempre manipulava o que chegava até nós, sempre falava, primeiramente, que era perseguição, porque éramos católicos, por causa da Devoção à Nossa Senhora. Que isso tudo o que estava acontecendo por causa disso, que o demônio queria muito acabar com a Devoção, por isso atacava a gente, que éramos os "Arautos da Devoção à Nossa Senhora". Ele sempre falava nestes termos conosco, mas nunca nos foi exposto que uma das coisas pelas quais nos perseguiam, eram as acusações morais contra ele. Isso nunca foi colocado para nós!

Sempre víamos algumas coisas que não achávamos muito comum: havia sempre aquelas irmãs que não achavam corretos esses abraços e apertos que ele dava, mas que sempre fomos levadas a ver por ele, que era um carinho de pai, por mais que achássemos esquisito... Se parássemos para pensar, nenhum pai fazia “carinho” da forma que ele fazia.

Lembro-me que certo dia, na casa na qual eu era Superiora, o Padre Rodrigo me chamou, disse claramente “que por causa algumas irmãs que pertenciam ao Conselho da Arca de Maria, o Carisma estava em perigo”. Disse que o Conselho queria retirá-lo de estar à frente da Fraternidade, e que o Carisma realmente estava em perigo, pois se algum membro não estivesse junto ao coração do Fundador não estaria junto com a Vontade de Deus. Disse por fim que contava comigo para que o Carisma não fosse deturpado, e claro, confiei naquilo que o fundador, um sacerdote, estava me dizendo e me pedindo e me dispus lutar pelo carisma até o fim junto a ele.

A Visita Apostólica veio na época devido a denúncia de ex-membros da comunidade, e justamente pelas questões imorais do Fundador Padre Rodrigo. Porém, o que nos foi passado na época por ele foi que estávamos passando por uma Visita Apostólica porque éramos perseguidos pela nossa Doutrina, por propagar a Santa Escravidão e etc. Mesmo à nós, que éramos as mais velhas, não chegavam as denúncias de imoralidade, nós não sabíamos e o pouco que chegava até nós, ele fazia questão de dizer que eram pessoas que queriam destruí-lo e por isso inventavam essas coisas, e claro, que não deveríamos acreditar.

Posteriormente, veio mais um discurso dele: onde ele falava que Conselho da Fraternidade queria retirá-lo no âmbito civil. Ele frisava que sem ele o Carisma não existiria que sem ele a Comunidade não era de Deus, porque Deus o tinha escolhido como instrumento; que onde ele estivesse o Carisma estaria com ele, e onde ele não estivesse ali não estava o Carisma. Escutando isso do próprio fundador, e pensando que sendo fiel a ele, estávamos sendo fiéis ao carisma e a vontade de Deus, assim fizemos... Não passava pela nossa mente, em hipótese alguma que ele estava nos usando e nos enganando.

Quando nos veio a proibição de falar com ele, eu, até então, pertencia à Fraternidade Arca de Maria. A proibição era clara: NINGUÉM (religiosos, religiosas e leigos da Fraternidade) poderia ter nenhum tipo de contato ou comunicação com ele. Ele que sempre burlou as regras, com essa proibição não foi diferente: Ele escolheu um grupo seleto de irmãos e irmãs, ao qual ele teria contato, não diretamente. Explico: ele pedia para que uma “amiga” que sempre estava com ele ligasse para as casas, essa “amiga” colocava a ligação no viva-voz, e ele explicava para esta pessoa o que era para nós fazermos. Assim, o “contato não era direto”, ele não falava conosco, mas sim com a “amiga”, e nós escutávamos as ordens e as cumpríamos. Assim aconteceram várias vezes e assim a proibição de ter contato com qualquer membro da Comunidade era feita, porém burlada por ele mesmo.

Em uma dessas conversas ele disse: "em tempos de guerra, tudo é válido e vocês estão fazendo isto para proteger o Carisma, porque eu sou o Carisma". Ele nos foi conduzindo até o momento em que o Conselho o tirou da parte civil. Começamos então uma cisão dentro da própria Fraternidade Arca de Maria, tudo isso, induzido por ele.


Lembro que o que mais falávamos era a questão de que; "o carisma não está sendo vivido, que o carisma precisa ser vivido", e com isso, nós saímos da Arca de Maria, com a desculpa que o carisma não era vivido, para fundar a Opus Cordis Mariae, sob a direção do padre Rodrigo.

Quando fundamos a Opus Cordis Mariae, os irmãos foram até Dom Rogélio Livieres, porque o padre Rodrigo os mandou. E todo o argumento o qual deveríamos expor a Dom Rogelio, foi o próprio padre Rodrigo que nos induziu: "que éramos um grupo que estava saindo da Arca de Maria, que queria viver o carisma perfeitamente, que queríamos estar com a Igreja e que o Carisma foi deturpado". O próprio Dom Rogélio nos disse: "sim, eu aceito a fundação de vocês, mas se afastem do padre Rodrigo".

Mas, nós não ouvimos o conselho do sábio: ele continuava a nos conduzir, conduzindo a Opus Cordis Mariae.

Com o passar do tempo na Opus Cordis Mariae, nós fomos vendo que, algumas irmãs que eram muito próximas a ele, que ele gostava muito, começaram a ser tratadas de uma forma diferente.

De repente uma das irmãs que era do “coração dele”, que vivia junto com ele, para baixo e para cima, que era tratada com abraços e carinhos, de repente se tornou para ele uma pessoa ruim, má, à qual ele não confiava, ele a difamava, colocava ela como louca, como uma pessoa que não estava sã.

Uma outra, irmã que ele era muito próximo, que era responsável pelo seu secretariado, que cuidava das coisas dele, e que ele confiava muito, de repente, foi proibida de mexer em tudo.

A Opus Cordis Mariae era pequena, estavam somente aqueles membros que eram próximos do padre, e essa situação foi me assustando muito, ao ponto de eu não saber como lidar, pois não sabia o que estava acontecendo. Então, o próprio padre me mostrou como eu deveria lidar com essas pessoas, como deveriam ser tratadas. Aí começa a humilhação de cada uma que passou por isso. Não sabíamos o que realmente estava acontecendo com elas, apenas obedecíamos às ordens do padre Rodrigo.

Essas irmãs que de início eram de total confiança do padre e nossa, que foram capazes de sair da Fraternidade Arca de Maria a mando do padre Rodrigo para ajudar na fundação da Opus, que eram aquelas do fundo do coração do padre, começaram a não concordar com o padre em sua totalidade, mas não sabíamos o porquê até então. O padre começou a nos dar ordens para lidar com essas irmãs (e não deveríamos questioná-lo) tais como: essas irmãs não poderiam ter credibilidade nenhuma em algo que falavam, não poderiam ter contato com ninguém de fora, nem mesmo com os membros da Opus de outras missões. Víamos essas irmãs ficarem mal, não poder falar com ninguém e ser humilhadas pelos próprios irmãos de comunidade. Isso começou a nos incomodar, pois estávamos fazendo isso a mando do Padre Rodrigo, mas não sabíamos o real motivo, o porquê de elas terem se afastado do padre de uma hora pra outra, ou o porquê do padre fazer isso com elas, apenas obedecíamos a ele.

A situação chegou a um ponto tão extremo, que uma dessas irmãs não aguentou ficar ali sobre essa pressão (quem aguentaria?!). Ela então resolveu expor toda a verdade do que havia acontecido com ela, das coisas que ela tinha ciência sobre o padre Rodrigo para a superiora. A Superiora veio até mim, conversar e explicar as coisas. Foi nesse momento que entendemos tudo, e vimos que a situação realmente era séria e que não podíamos deixar isso continuar.

Fomos até Ribeirão Preto-SP, conversar com o padre Rodrigo. Chegando em Ribeirão Preto, foi triste a cena onde estávamos. Lá, o padre estava morando, com algumas irmãs, na casa de uma senhora leiga, onde estas irmãs não conseguiam rezar e estavam em um momento muito difícil, na mesma situação onde estávamos.

Quando fomos conversar com o padre Rodrigo, foi um grande número de irmãos e irmãs, ele não quis conversar com todos juntos, apenas separadamente. Então começou o show de mentiras: para uns ele afirmava seus erros, suas falhas e suas quedas, diante de algumas irmãs, a outros ele negava. Só que na medida em que íamos conversando com ele separadamente, íamos confrontando entre nós o que ele havia conversado com cada um.

Foi então que vimos que não havia como manter uma Comunidade que era fundada em uma mentira. E o que aconteceu foi que saímos de lá com a certeza de que todas as acusações eram verdadeiras e que o padre Rodrigo sempre mentiu para nós.

Fomos para Ciudad del Este, Paraguai. Chegando lá, conversamos entre nós, e decidimos que deveríamos, sim, falar para todos, porque todos haviam saído da Arca com a consciência de que estávamos saindo por causa do Carisma, e não para defender uma pessoa, sobre a qual pesava acusações de abuso sexual, de violência, de molestamento, e não sabíamos!

Então, falamos com a Comunidade, e no dia seguinte, a irmã que era Madre da Opus chegou ao Paraguai. Esta Madre defendia o padre Rodrigo, e perguntou se queríamos ter uma reunião com ele. Dissemos que sim, que poderíamos conversar. Ele chegou ao Paraguai, e não queria que as irmãs participassem desta reunião, queria falar apenas com os irmãos (sobre os quais, ele tinha mais autoridade e seria mais fácil mantê-los do seu lado), mas eles mesmos exigiram que na reunião estivessem todos: irmãos e irmãs.

Esta reunião começou às 22h e acabou 5h da manhã. Foi onde as vítimas tiveram coragem, falaram o que tinha acontecido, onde nós indagamos tudo que aconteceu, perguntamos claramente as coisas, e nesta reunião ele confirmou que todas as acusações que a Arca de Maria recebeu por causa dele, eram verdadeiras. E ele usou algumas frases que ficaram meio assustadoras: "não, mas eu nunca tive um caso", como se o pecado dele fosse pior, se fosse com uma pessoa só várias vezes.

Naquela noite nós tivemos consciência de que a Comunidade foi fundada, sim, sobre uma mentira, por causa de uma mentira e que aquilo não era de Deus, porque não estávamos ali por Deus, mas sim, para acobertar os erros do padre Rodrigo.

Foi uma reunião massacrante e decisiva, porque ali decidimos que a Opus Cordis Mariae não poderia mais seguir. Então chegou ao conhecimento do Bispo, que era nosso responsável - pois fomos buscar um Bispo no meio da selva amazônica da Colômbia - que o padre Rodrigo estava à frente, e que ele era sim o fundador da Opus Cordis Mariae, que o grupo de irmãos e irmãs que eram fundadores eram simples marionetes nas mãos dele.

Vejo hoje, como a supressão da Opus Cordis foi um golpe de misericórdia de Deus para conosco. Continuar sobre mentiras seria matar aos poucos a vocação, seria enganar toda a Igreja e o pior, seria compactuar com os erros miseráveis daquele padre obstinado!


 
 
 

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